Foto: Blog do Anderson
Por
Carlos Costa
Um casal de jovens recém-casados era muito pobre e
vivia de favores num sítio do interior. Um dia o marido fez a seguinte proposta
para a esposa: querida, vou sair de casa, vou viajar para bem longe, arrumar um
emprego e trabalhar até ter condições para voltar e dar-te uma vida mais digna
e confortável. Não sei quanto tempo vou ficar longe, só peço uma coisa:
que você me espere enquanto eu estiver fora. Você me espera e seja fiel a mim,
pois eu serei fiel a você. Dito isso, o jovem saiu, andou muitos dias a pé até
que encontrou um fazendeiro que estava precisando de alguém para ajudá-lo na
sua fazenda. O jovem chegou e se ofereceu para trabalhar, e foi aceito. Pediu
para fazer um pacto com o patrão, que aceitou prontamente. O pacto foi o
seguinte: deixe-me trabalhar pelo tempo que eu quiser e quando eu achar
que devo ir o senhor me dispense das minhas obrigações. Eu não quero
receber o meu salário, peço que o senhor o coloque na poupança até o dia que eu
for embora. No dia que eu sair o senhor me dê o dinheiro e eu sigo o meu
caminho.
Tudo combinado, aquele jovem trabalhou durante
vinte anos sem férias e sem descanso. Depois de vinte anos, chegou para o
patrão e disse: patrão, estou voltando para o meu lar. Eu quero o meu dinheiro,
pois quero voltar para a minha esposa. O patrão lhe respondeu: tudo bem, afinal
fizemos um pacto e vou cumprí-lo. Só que antes quero lhe fazer uma
proposta, tudo bem? Eu lhe dou o seu dinheiro e você vai embora, ou lhe dou
três conselhos e não lhe dou o dinheiro e você vai embora. Se eu lhe der o
dinheiro, eu não lhe dou os conselhos. Se eu lhe der os conselhos, eu não lhe
darei o dinheiro. Vá para seu quarto, pense e depois me dê a resposta. Ele
pensou durante três dias, procurou o patrão e disse: quero os três conselhos! O
patrão novamente frisou: se eu lhe der os conselhos não lhe darei o dinheiro. E
o empregado respondeu: quero os conselhos! O patrão então lhe falou: primeiro
conselho, nunca tome atalhos em sua vida. Caminhos mais curtos e desconhecidos
podem custar a tua vida. Segundo, nunca seja curioso para aquilo que é
mal, pois a curiosidade para o mal pode ser mortal. Terceiro e último conselho,
nunca tome decisões em momentos de ódio ou de dor, pois você pode se arrepender
e ser tarde demais.
Após dar os conselhos o patrão disse ao rapaz que
já não era tão jovem assim, aqui você tem três pães, esses dois pães são para
você comer durante a viagem e esse terceiro é para comer com a sua esposa assim
que chegar a sua casa. O homem então seguiu o seu caminho de volta depois de
vinte anos longe de casa e da esposa que ele tanto amava. Após o primeiro dia de
caminhada encontrou com um homem que o cumprimentou e lhe perguntou: para aonde
você vai? Ele respondeu: Vou para um lugar distante que fica há mais de quinze
dias de caminhada por esta estrada. O homem então lhe disse: amigo, esse
caminho é muito longo, eu conheço um atalho que é ótimo e você chega em poucos
dias. O homem contente começou a seguir pelo atalho quando lembrou-se do
primeiro conselho, então voltou e seguiu pelo caminho normal. Dias depois soube
que o atalho levava a uma emboscada. Depois de alguns dias de viagem, cansado
ao extremo, achou uma pensão à beira de uma estrada onde pôde hospedar. Pagou a
diária e após um banho deitou-se para dormir. De madrugada acordou assustado
com um grito estarrecedor, levantou-se de um salto só e dirigiu-se à porta para
ir ao local do grito. Quando estava abrindo a porta, com a mão na tramela,
lembrou-se do segundo conselho, voltou, deitou-se e dormiu. Ao amanhecer, após
tomar o café, o dono da hospedaria lhe perguntou se não havia escutado gritos
durante a noite. E ele respondeu que sim. O homem o indagou novamente,
perguntando se ele não estava curioso a respeito e ele respondeu que não. O
hospedeiro prosseguiu: você é um dos poucos viajantes a sair daqui vivo, pois,
aqui há um homem que tem crises de loucura, grita durante a noite e quando
alguém sai, mata-o e o enterra no quintal.
O rapaz prosseguiu na sua longa jornada, ansioso
para chegar em casa. Depois de muitos dias e noites de caminhada, já ao
entardecer, viu entre as árvores a fumaça da chaminé de sua casinha. Andou
mais, viu entre os arbustos a silhueta da sua esposa. Estava anoitecendo, mas
ele pôde ver que ela não estava só. Andou mais um pouco e viu um homem a quem
ela estava acariciando os cabelos. Quando viu aquela cena o seu coração se
encheu de ódio e de amargura. Decidiu correr de encontro aos dois e matá-los
sem piedade. Respirou fundo, apressou os passos, quando se lembrou do terceiro
conselho. Então parou, refletiu e decidiu dormir aquela noite ali mesmo, e no
dia seguinte tomaria uma decisão. Ao amanhecer, já com a cabeça fria ele
pensou: não vou matar a minha esposa e nem o seu amante. Vou voltar para o meu
patrão e pedir que ele me aceite de volta, só que antes quero dizer a minha
esposa que sempre fui fiel a ela. Dirigiu-se a porta da casinha e bateu, quando
a mulher abriu a porta e o reconheceu, se atira no seu pescoço e o abraça
afetuosamente. Ele tenta a afastar, mas não consegue. Então, com lágrimas nos
olhos lhe disse: eu fui fiel a você e você me traiu. Ela espantada lhe
respondeu: Como? Eu nunca lhe traí, te esperei durantes esses vinte anos! Ele
então lhe perguntou: e aquele homem que você estava acariciando ontem ao
entardecer? Aquele homem? Aquele homem é o nosso filho. Quando você foi embora
descobri que estava grávida. Hoje ele está com vinte anos de idade. Então o
marido entrou, conheceu, abraçou o filho e contou-lhe toda a sua história. A
esposa preparou um cafezinho, sentaram-se para tomar o café e comer juntos o
último pão. Após a oração de agradecimento a Deus, com lágrimas de emoção, ele
partiu o pão, e ao abri-lo, encontra todo o seu tesouro, o pagamento por seus
vinte anos de dedicação e trabalho árduo.
Moral da história: Muitas vezes achamos que o
atalho queima etapas. Muitas vezes somos curiosos e queremos saber de coisas
que nada de bom nos acrescentará e outras vezes agimos por impulso na hora do
ódio e da raiva e fatalmente nos arrependeremos depois.
Espero que você, como eu, nunca se esqueça desses
três conselhos. Que no dia 28 de outubro votemos com a razão para que não
venhamos futuramente nos arrepender de termos tomado uma decisão
precipitada e sem pensar nas consequências.
Fonte: Blog do Anderson Vitória da Conquista
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